A EXELÊNCIA DA COMPAIXÃO NO EXERCÍCIO DE SER CRISTÃO.

  Sergio A. Ribeiro “ Schelling”

 

 Se folhearmos as páginas do Antigo Testamento; principalmente a os livros da Tora, veremos que existe uma relação diferencial de Deus em relação aos pobres e oprimidos. Isto não significa que Deus faça acepção de pessoas ou de classe social. De modo algum! Mas com certeza Deus olha de maneira especial para aqueles que não têm vez, que não têm voz. Só no AT nós temos 300 referências  em  que Deus entrou com providência para julgar a causa dos pobres e oprimidos. Vinte e cinco palavras hebraicas foram usadas no AT para falar daqueles que não tinha vez e nem voz: Termos como: oprimido, humilhado, desesperado, os que clamam  por justiça,  fraco, destituído,  carente,  pobre, viúva,  órfão,  estrangeiro etc.

 

 Em Isaías 58.3-8, quando o povo de Deus pergunta: "Por que é que nós oramos e jejuamos e tu não nos respondes?", Deus diz: "É porque vocês jejuam e oram para a iniqüidade, vocês estão oprimindo os pobres, e seus próprios operários, e o jejum que eu quero, é que vocês cortem as ligaduras da impiedade, é que ajam com justiça em relação aos desamparados". Veja também Isaías 1.17; 10.1,2. Ezequiel 16.49 afirma que o pecado de Sodoma, além do orgulho, da vaidade e da imoralidade era que aquela cidade, sendo rica e abastada, nunca atendeu o pobre e o necessitado. Se olharmos na legislação do povo de Deus no Velho Testamento, veremos que o objetivo de toda a legislação era que não houvesse miseráveis e injustiçados no meio do povo de Israel.

 

No Novo Testamento Jesus Cristo é a revelação máxima da compaixão de Deus no mundo. No início de seu ministério terreno o Senhor Jesus deixou bem clara a sua missão quando declarou: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19).A  primeira área geográfica do ministério de Jesus, de acordo com o relato de Lucas, é a província da Galiléia. A Galiléia dos gentios era conhecida como círculo dos povos. A Galiléia era uma terra de conflitos, privada de sua própria independência e autonomia. “A Galiléia dos gentios” (Mt 4:15). Era uma  região  em que se encontrava  o maior número de pessoas injustiçadas, oprimidas, endividados, leprosos e pobres. Mateus, no capítulo 4, ao se referir ao início do ministério de Jesus na Galiléia, ele  uso de um provérbio  popular, quando relata, “...e aos que estavam nas regiões da sombra e da morte raiou-se uma luz”(Mt 4:17). Os evangelhos sinópticos mostram que Jesus iniciou seu ministério na periferia, o anúncio do reino de Deus acontece da periferia-Galiléia para o centro-Jerusalém.

 

O ministério de Jesus está dividido em três partes: em primeiro lugar Galiléia; em segundo  Samaria  Judéia; e em terceiro Jerusalém. Em Lucas 4:31–9:51 se encontra a narrativa de curas, milagres, aos necessitados, excluídos, pobres e oprimidos da periferia; na Galiléia Jesus manifesta sua compaixão para aqueles que se encontravam nas regiões da sombra e da morte.O ministério de Jesus   demonstra um Jesus cheio de graça, que se envolve primeiramente com os necessitados. O cuidado de Jesus com os pobres e marginalizados é enorme. "Nós nunca encontramos Jesus Cristo de dedo apontado contra os pobres e marginalizados, mas enfrentando exatamente aqueles que oprimiam o povo, quer pelo sistema religioso, quer pelo sistema econômico, ou sistema político de sua própria época".

 

Em Mateus 4.23 lemos também: "Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo". Os apóstolos deram continuidade  ao exercício da compaixão em seus ministérios  e o que vemos em  Atos 5 e 6. Em Jerusalém as três colunas do colégio apostólico (Pedro, Tiago e João) recomendaram a Paulo e a Barnabé que não se esquecessem dos pobres, "o que também me esforcei por fazer", diz o apóstolo em Gálatas 2.10. Várias igrejas foram orientadas por cartas a agirem com a mesma visão de integralidade bíblica dos apóstolos. Destacamos dentre outras, as igrejas de Corinto (II Co 8 e 9), da Galácia (Gl 6.2-10) e das doze tribos da dispersão (Tg 2. 1-7,14-26; 5.1-6). Mateus (cap. 25) notamos que a falta da   pratica da compaixão com os desfavorecidos deste mundo será um critério tratado  por Deus.

 

 

 

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