A ÉTICA EM AGOSTINHO

 Sergio A. Ribeiro “ Schelling”

 

A ética agostiniana  envolve o conceito de  liberdade e o livre arbítrio da vontade. A proposta de Agostinho rompe com duas concepções  de ética. A primeira  é da filosofia grega em que a  liberdade  estava fundamentada em um  telos político em que  ser ética era ser virtuoso na observação ao ethos. A segunda ruptura  é em relação ao maniqueísmo que propunha  uma não liberdade, pois a natureza do homem é mal; além de ter uma visão dualística em que haveria segundo eles dois princípios eternos em oposição  do bem e do mal  constante entre dois deuses.

 

 Agostinho traz uma mudança a respeito do conceito de liberdade e do livre arbítrio da vontade. Enfatizando que o mal não é conseqüência de fatores políticos ou da natureza humana ou de alguma entidade espiritual.  Nesta concepção Agostinho desconstroi  o conceito  de  mal ontológico. Para ele  o homem é autor de sua conduta e é responsável  por ela. Assim  Agostinho  enfatiza o livre arbítrio da vontade  e a liberdade  em sua concepção ética.

A ética agostiniana  está fundamenta  em um telos-teológico o qual tem Deus  com o Bem Supremo e a mal  como conseqüência antropológica. Para tal questão  Agostinho faz duas perguntas  que orienta  seu pensamento:  O que é o mal? E de onde vem este mal? Em relação à primeira pergunta Agostinho  refuta o mal ontológico e enfatiza que o mal é a privação do bem   e que o mal como tal não existe. O que existe é uma  privação do bem como conseqüência  do livre-arbítrio da vontade. Deus é o criador de todas as coisas bom, por isso não pode criar o mal que é  oposto a sua essência, e o mal  não é nada de positivo, mas uma privação. Por isso é pelo livre-arbítrio da vontade que o homem se aproxima do bem  que é Deus; e, é também pelo livre-arbítrio da vontade que ele se afasta  tendo assim a mal como ausência do bem.

 

A vontade não é mal em si  pelo fato que foi dado por Deus, mas o uso incorreto dela que compromete. Por isso Agostinho enfatiza que o livre-arbítrio  da vontade situa-se na mente, e essa se submete  as paixões; tanto que Agostinho  enfatiza que “ pertence a vontade  querer ou não querer ter uma vontade boa”.Toda esta questão para Agostinho se dá pois para ele o homem não é só intelecto, mas também vontade;  e essa vontade ela tem que  estar em harmonia  com a verdade moral pois sem essa harmonia não há ética.   Mas a vontade que  é uma faculdade da razão, subjetiva e interior  pode ser influenciada  podendo assim ser dependente ou independente como   conseqüência de certos hábitos e paixões se tornando mutável  e vulnerável.

Se o homem não é só intelecto, mas também  vontade e podendo esta vontade ser influenciada  ou vulnerável desejando coisas más, como conseguira o homem  usar  o livre arbítrio  da sua vontade para chegar a Deus e ser feliz? Segundo Agostinho  o mau uso da vontade  inverte  a relação em que  a alma  sendo superior ao corpo  é subordina a ele, enfraquecendo a alma. Mas segundo Agostinho   a graça e o elemento de potencialização  a qual pode  ajuda  a encaminhar o livre-arbítrio da vontade  a Deus, pois a vontade humana precisa ser ajudada na faculdade  do querer o bem. Assim o homem alcançará  a felicidade, pois como Agostinho relatou na “Vida Feliz” só é feliz aquele que encontra  Deus.                      

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